Após as prisões, embargos de siderúrgicas e apreensões efetuadas na última semana durante a operação batizada de “Corcel Negro”, os trabalhos continuam. De acordo com declarações feitas pelos promotores de Justiça Marcelo Guedes e Ediene Lousado, a investigação está sendo aprofundada e os materiais apreendidos analisados.

A operação desmontou uma cadeia produtiva de carvão ilegal dos biomas Caatinga e Cerrado em 25 municípios dos estados da Bahia e Minas Gerais, foi amplamente noticiada pela imprensa e passou a ser tida como referência do trabalho realizado em conjunto por promotorias de atuação diferentes e outros órgãos.

“Após essa análise serão feitas as denúncias que forem necessárias nas áreas cível e penal”, é o que diz Guedes, também coordenador do CEAMA – Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Meio Ambiente. Além disso, o promotor comenta que está havendo uma maior fiscalização; sistema e procedimentos de órgãos ambientais, e do Ibama, estão sendo revistos para garantir mais rigor.  

A mega-operação que envolveu o esforço conjunto dos ministérios públicos da Bahia e de Minas Gerais, polícias Rodoviária Federal, Militar e Civil, Ibama, secretarias de Segurança Pública (SSP) e de Meio Ambiente (Sema), conseguiu embargar a produção de quatro siderúrgicas, apreendeu cerca de mil toneladas de ferro-gusa, 78 caminhões, 5 mil metros cúbicos de carvão, 22 armas e prendeu 40 pessoas, sendo 23 delas só na Bahia, além do cumpridos 26 mandados de busca e apreensão.

Para a promotora Ediene Lousado, coordenadora do GAECO – Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas, alguns obstáculos foram superados durante a missão, culminando no seu sucesso. “O maior desafio pra mim foi o fato de ser a área muito grande, ou seja, as distâncias percorridas longas, com os alvos muito espalhados e tudo dar certo. Lidar com muita gente também foi um desafio, mas sem essa parceria não teríamos conseguido”.

Já para Guedes a logística era uma preocupação que foi superada. “A logística da operação foi facilitada com o empenho de todas as instituições envolvidas nos municípios. Contamos com dois helicópteros, um avião, cem viaturas. Ou seja, até a logística da operação que nos preocupava no início, percebemos que foi tranquilamente vencida”.

EXEMPLO – Tanto para Guedes, como para Lousado, “Corcel Negro” foi uma operação que pode servir de exemplo. “Foi uma experiência fantástica. Estávamos acostumados a atuar isoladamente e essa ação demonstrou que unidos podemos fazer muito mais, trazendo ganhos não só para a instituição como para a sociedade.

A ação pode servir inclusive de referência para outros colegas”, aponta Ediene Lousado. A opinião é compartilhada pelo colega. “Foi um amadurecimento institucional muito grande, somando esforços para fazer cumprir a lei, cada um com suas atribuições e competências”.